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..........................................................................P i n t o ..n ã o.. e x a t a m e n t e.. a q u i l o ..q u e.. é,.. m a s.. o.. q u e.. g o s t a r i a ..d e.. v e r

 

Vida e Obra


Está no sangue de Manlio Moretto a vocação para a arte, trazida por seus avôs, quando da Itália vieram para o Brasil, há mais de um século. Bem cedo, aos 11 anos de idade, essa inclinação para a arte se manifesta de forma brutal, valendo-lhe nota zero na disciplina de Geografia do Curso Ginasial. A tarefa era desenhar o mapa do Brasil. O mestre, ao ver a qualidade do desenho de Manlio, não acreditou que tivesse sido ele o autor do trabalho e desclassificou-o com nota zero.
Aos 17 anos de idade, folheia uma revista e encontra um pequeno quadro em preto e branco, Bodas de Ouro de Arturo Ricci. Seduzido pela beleza do que vê, amplia e transforma o desenho num quadro em cores.
Anos mais tarde, ao cursar engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, aprende perspectiva na cadeira de Desenho Arquitetônico, com Prestes Maia, que passa a ser seu único mestre. Entretanto já conhecia Edgard Oehlmeyer, tido por muitos como um dos maiores pintores brasileiros de todos os tempos. Oehlmeyer entra na vida de Moretto de forma puramente casual: namorava e mais tarde veio a casar com uma amiga de sua futura co-cunhada.
Os temperamentos de Moretto e Oehlmeyer eram completamente diferentes, mas tinham em comum a amizade e a profunda paixão pelos ideais artísticos que compartilhavam. Já casados, Moretto e Oehlmeyer, passaram a viajar juntos nas férias, procurando recantos paisagísticos por este vasto Brasil. Foi assim que vieram a conhecer locais, como: Parati, São Luiz do Paraitinga, Ouro Preto, Salvador, Itaparica e muitos outros. Nessas incursões por lugares remotos, hospedavam-se nas pensões mais humildes que encontravam – a comodidade e o conforto atrapalhavam-lhes os objetivos.
A profissão de engenheiro era a outra metade da vida de Moretto. Recém-ingresso na antiga Light, especializou-se em hidrologia e viu-se obrigado a constantes viagens pelo país. Neste momento, delineia-se em Manlio a genuína vocação de paisagista, transformando o trabalho de engenheiro em verdadeiro prazer, dando asas à sua imaginação de artista.
Os anos passam-se, as viagens sucedem-se e, sem se aperceber, Manlio pinta o Brasil: mais de uma centena de cidades retratadas abrangendo mais de mil localidades diferentes.
Falecido precocemente Oehlmeyer, seu constante companheiro de viagens, Moretto continua percorrendo sozinho novos espaços. Devido à sua figura despojada de viajante solitário passa por situações inusitadas, chegando a ser considerado até mesmo espião russo...
Hoje, nonagenário, e após meio século de viagens, alimenta ainda na alma a vontade e a esperança de revisitar lugares do passado. O peso dos anos, porém, já não lhe permite locomover-se com a facilidade de outrora. As viagens limitam-se então ao sonho, que se transforma em realidade, nas obras criadas em seu atelier
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