Nasceu em Rio Claro, São Paulo, em 1909 e faleceu, em 1967. “Tudo o que é bom fica, o que não o é, passa”.
Considerado por muitos, como um dos vinte maiores artistas plásticos brasileiros de todos os tempos. Foi aluno dos mestres Carlos Hadler, Amadeo Scavone e Antônio Rocco.
Desenvolveu com rara mestria e igual qualidade pictórica, os mais diversos temas da pintura nas diferentes técnicas, tamanhos e materiais.
Paleta de poucas cores; a “Terra de Siena” queimada – “as ferrugens”, era sua cor predileta.
Oehlmeyer possuía uma forte personalidade, reveladora de um obstinado perfeccionismo. Alheio às modernas tendências, só se interessava pelos grandes mestres do passado. Esboçava e pintava, até atingir os tons desejados que melhor imprimissem um determinado sentimento. A prova disso foi a obra “Cabeça de Velha”, pintura sobre velaturas que, apesar da grande inveja que causou nos salões, conquistou-lhe a Grande Medalha de Prata. Tal como Baroni, procurava a simplificação – mostrar muito, em poucos traços.
O carvão, o pastel e a aguada de nanquim, revelam em traços sumários até o estado de espírito, de rostos não identificados, e figuras de homens e mulheres. Um risco, uma ruga – um sentimento! Um olhar distante – um pensamento profundo, uma nostalgia discreta!...
Segundo a opinião de conceituados críticos, figura e paisagem, são os temas mais difíceis neste estilo de pintura. Alguns afirmam que é a figura, outros, a paisagem. Oehlmeyer, também na paisagem, mostra sua genialidade, valendo-se de um enquadramento diferente do habitual. Muito raramente, retrata casarios, ruas ou outros motivos, pela perspectiva frontal. Ao contrário, parte de um ângulo lateral ou secundário, para o todo da paisagem, reforçando a perspectiva mais evidente, propositadamente esquecida, com um claro-escuro deslumbrante. O modo como compunha as flores na tela, permite uma visualização tridimensional, causando a impressão de serem reais, como que saindo do quadro e indo ao encontro de quem as observa. O tema flores, projeta Oehlmeyer para a imortalidade. Muitos, afirmam que nenhum outro conseguiu superá-lo!
Oehlmeyer tinha consciência do valor de seu trabalho, admitindo-o com toda a modéstia. E, por isso, quando vendia suas obras sentia-se “mutilado”; era um pedaço de si próprio que se desprendia! Certa vez, um colecionador judeu, muito rico, pediu-lhe que vendesse uma determinada obra. Oehlmeyer, logo negou! Perante a insistência do colecionador, Oehlmeyer pede um preço exorbitante, na expectativa de não vender a obra. Para espanto de Oehlmeyer, o colecionador remata a obra e desabafa:
- Era exatamente este quadro que eu queria, pois tem precisamente o tamanho da porta do meu cofre!...
Austero, consigo mesmo e indulgente com os outros, exigia o máximo de si mesmo, queimando com soda cáustica as obras que não considerava boas, mas vendo até na pintura fraca de alguns colegas seus pontos positivos.
A arte refletia o homem que a criara, melancólica e cheia de contrastes, plasmada em um claro-escuro que lembrava Rembrandt. Além deste último, admirava, também, José Malhôa, (pintor português, 1855-1933), e na música, Mozart e Beethoven. Tinha como companheiros de arte e melhores amigos, Aliberto Baroni e Manlio Moretto, com os quais viajou pelo Brasil.
Combalido por graves doenças, é internado. Tempos mais tarde, tem alta. Regressa ao lar, sente-se muito bem e disposto ao trabalho. Levanta-se da velha poltrona, e cai fulminado por violento ataque cardíaco, vindo a falecer precocemente, aos 58 anos de idade.
Lutou a vida inteira pela aquisição da Grande Medalha de Ouro que lhe foi boicotada por invejas e falcatruas, explicitando no testamento, que não a aceitaria postumamente. |